A música de Raul Seixas chamada
de “Carimbador Maluco” chama a atenção
não só por sua melodia mas também pela utopia de sua letra configurada
no atual momento em que o Brasil passa e o horizonte que se descortina à
frente.
Começando pela pergunta: Onde
vocês pensam que vão? Cabe reflexão pois não percebo que nosso povo tenha a
menor noção do que querem, do que precisam e pior do que acontecerá. Não falo
do futuro distante, mas sim do que possa acontecer hoje mesmo, amanhã ou nessa
semana. São tantas notícias do descaso, do desrespeito com tudo e todos que não
se pode configurar esperanças numa reformulação a curto ou até médio prazo, não
sabemos o que ocorrerá pelo caminho, o que restará após esse avassalador tsunami
de falta de ética, humanismo e amor humano.
No seguimento da letra da música
vem as expressões: “Tem que ser selado, registrado, Carimbado, Avaliado, Rotulado
se quiser voar! Se quiser voar”. Tudo nesse país é difícil, a burocracia é
impeditiva das ações necessárias para corrigir nossos rumos. A Justiça é
contraditória, escrachante e tendenciosa. Não conseguimos nem correr para tomar
impulso, muito menos decolar para nos permitir realizar sonhos.
A canção continua assim: “Pra
Lua: a taxa é alta / Pro Sol: identidade”. Triste realidade de que tudo nos
custa caro, não só o dinheiro, mas o sacrifício do povo. Saúde ao vento,
Educação enfiada num baú trancafiado e disponível para poucos, A cultura
tendenciosa e direcionada as castas escolhidas. A taxa para viver no Brasil é
realmente altíssima, por isso a debandada para outros países está ocorrendo, e
são poucos que podem fazer isso. A luz que temos disponível para ir em frente é
tão tênue que lhe falta identidade, falta visão para enxergarmos o caminho a
seguir, estamos sem “Lenço e Documento” parafraseando Roberto Carlos.
Não é de um carimbador maluco que
falo, mas sim de um povo que grita, que replica sua necessidade de sobreviver aos
corruptos, aos mercenários da morte, a morte dos vivos que todos os dias são enterrados, aquelas mortes
que não são contabilizadas formalmente, decorrentes do roubo desses
malfeitores.
Você já parou para pensar que por
falta de recursos (roubados) quantos brasileiros morreram ou irão morrer,
quantas crianças tem condenado seu futuro a apenas uma vida de sobrevivência,
quanto de nossa capacidade de superação está sendo esmagada pela falta de oportunidades,
quantos de nós somente seremos números / estatísticas e não Pessoas livres e
plenas.
Se pudesse diagnosticar em uma
palavra meu sentimento e talvez o de você meu caro leitor poderia ser essa
palavra: “MERDA”, pois sento o cheiro da vergonha, o aspecto do regurgito, a
contaminação do ar que respiro e o pior: a falta da educação dos políticos e de
muitos empresários ao defecar todos os dias em nossas cabeças. Desculpem-me
pela palavra pesada, creio que só assim posso dar peso a esse sentimento de
revolta, de rebeldia.
Não me venham com favoritismos ou
advogatices de um ou outro partido, de um ou outro empresário; a maioria quase
que absoluta são sim “merdas”, e todos numa mesma latrina, entulhos do mesmo
aterro. A limpeza é necessária desde o interior de nosso ventre, devemos
expulsar nossos maiores medos e recomeçar, pois, a letra da música de Raul
termina assim:
“Mas ora, vejam só, já estou gostando de vocês / Aventura
como essa eu nunca experimentei! / O que eu queria mesmo era ir com vocês / Mas
já que eu não posso / Boa viagem, até outra vez”.
Eu faço dessa expressão uma
tradução expressiva da Esperança. Eu amo meu povo, meu país, dele não
desistirei jamais, nele confio e tenho esperança da retomada, mas consciente
depois de tudo isso. Não sei quanto tempo teremos para recuperar e qual a
profundidade do poço onde estamos, essa aventura perigosa que estamos vivendo
ainda é incerta, esquisita e provocante, mesmo que eu não possa acompanhar tudo
o que irá ocorrer nos próximos capítulos quero desejar aos passageiros dessa
viagem, aos cobradores e motoristas dessa aventura uma Boa Viagem, que nos
levem ao melhor que podemos Ser, a um país alegre, viril, emocionante,
contagiante e celeiro da esperança e realidade de humanidade e liberdade.
Sou Brasileiro, não posso desistir,
quero cantar essa música no futuro com uma novo toque, tipo “Plunct Plact Zum –
Nosso amor pelo Brasil merece ZUM!”.
Vitor Marques - Executivo de RH, Coache e Palestrante
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