21/02/2019

BOCAS CALADAS – PENSAMENTOS REPRESADOS O QUE TRANSFORMAR?


O trecho da música “Pedágio dos Ventos” de Jean Tassy assim destaca: As bocas caladas enxergam bem mais. Não tem luz prá quem não quis acender velas” isso revela um estado comportamental de introspecção momentânea durante um diálogo ou no êxtase de observação contemplativa. Hoje sinto que isso pode se aplicar ao estado de estagnação espiritual pelo qual a povo brasileiro passa ao se deparar com a quantidade de tragédias humanas, sim, aquelas tragédias causadas pelos ditos “humanos”, tragédias como Mariana e Brumadinho, tragédias preparadas, anunciadas e escondidas nas profundezas da barbárie de alguns, aqueles poucos que são assassinos de muitos.

Nesse contexto das bocas caladas me deparo com o ato de pensar, pensar em como reagir. Sinto a impotência introspectada frente os “poderosos” que castigam e intimidam as palavras sonhadoras que os pais apresentam como objetivo de vida a seus filhos, ou seja, a máxima de que se eu fizesse um pouquinho e assim todos também o fizessem, mudaríamos o mundo.

Triste por ver que isso não é fato, triste por ver tudo ruir no barro que derrete sonhos e vidas, de constatar que há tantos escravos permanentes nesse mundo vil, um mundo metalizado pelo dinheiro podre, dinheiro escravagista. Mundo selado nas entranhas do desprezo a vida e a dignidade humana usado como moeda de troca pela riqueza sangrenta.

Bocas caladas é o que acontece com nosso povo, presos pelo poder de alguns. Vidas tomadas pela ganância dos dominadores. Sonhos selados nas camas dos sufocados pela lama das Marianas e Brumadinhos.

Penso, repenso e não encontro consenso entre o sonho e a realidade. A impotência encobre a ação da liberdade.

São tantos os pensamentos represados, são tantos os desejos de viver com dignidade, são tantos caminhos a percorrer, mas não consigo dar passos, amarrado na roleta viciada somente para alguns jogadores.

Na tristeza das Marianas e Brumadinhos fico amarrado no canto da racionalidade, fico estupefato pela opressão a meu povo, fico esperando a luz para iluminar cabeças pensantes.
Não há o que dizer, afinal sou parte das “bocas caladas”, sou parte da massa que se abaixa para a avalanche da lama, o que fazer?

Talvez escrever, talvez exprimir minha revolta, talvez estourar a represa de meus pensamentos, talvez colocar em texto aquilo que penso e tornar claro a parte que aprendi, fazer um pouco para que todos façam muito.

Vitimas somos todos os dias, dos acidentes de nós mesmos, dos transbordamentos de nossas impotências, mas que bom que depois de uma noite existe o amanhã, o nascer do Sol, mais uma esperança, mais possibilidades de remover montanhas.

Hoje, quero enterrar os desesperos, as decepções, os devaneios e quero sim gritar: Viva a vida, quero estilhaçar as cordas vocais e falar a quatro ventos: “Eu posso transformar o mundo, eu devo fazer a minha parte, devo insistir nos preceitos dos ensinamentos recebidos.

Se uma andorinha não faz verão, seus filhos juntos o farão. Vamos em frente e avante caminhando e seguindo a canção.

Não nos deixemos transformar em Marianas e Brumadinhos, temos que buscar o Édem, aquele mundo descrito em Gêneses, onde rios são correntes de mel e todos vivem bem, sem pecados, sem medos.

Vamos acender nossas velas, somando a luz para que seja um facho de transformação. Feliz renascimento a você, saiamos do conforto de manter a boca calada e coloquemos a “Boca no Trombone”

Vitor Marques
Executivo de RH, Coach e Palestrante





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