Imaginava que a vida seria uma
corrida em que o corpo percorreria uma pista com curvas, descidas, subidas,
alguns buracos, ondulações dos recapeamentos realizados. Uma corrida entre o
tempo e o corpo, talvez com algumas paradas para reabastecer, trocar o solado e
revisar os equipamentos mecânicos e elétricos, mas no decorrer do percurso me
deparei não com uma corrida, mas sim com uma caminhada, caminhada a passos ritmados
no caminho percorrido. Muitas vezes coloquei pressa onde não deveria, coloquei
calma onde não havia tempo para parar...fui ultrapassado por caminhantes mais
rápidos, alguns tropeçaram logo depois, outros chegaram mais rápido aos novos
caminhos.
Descobri que a vida apresenta a nós
várias opções de caminhos a percorrer, descobri que encruzilhadas é o que mais
se apresentam ao longo do percurso, percebi que nem sempre estamos preparados
para caminhar, que as vezes é necessário sentar-se à beira do caminho,
descansar, refletir para depois continuar.
Percebi que mudar foi uma palavra e
atitude que me perseguiu por todos esses anos, percebi que se reinventar e
reavaliar as opções de velocidade e ritmo sempre foram necessários, as vezes
até são impostas pelas intempéries do clima durante o caminhar.
Percebi que a maturidade do
caminhante vem com o tempo, com os passos de cada dia, com a experiência da
observação. Percebi que continuo aprendendo a cada passo, percebi que não
conheço a sequência do mapa do caminho, percebi que a caminhada é uma continua
experimentação de jornada.
Percebi que vivemos as dúvidas da
jornada, mas que podemos nos deliciar com as possibilidades infinitas que o
caminho irá apresentar. Na caminhada nada é uma certeza, nada é certo, tudo é
possível, tudo deve ser vivido, experimentado de forma plena e responsável.
A jornada é imensa, talvez chegue o
momento que necessitarei de um cajado, mas ele será com certeza um símbolo da
sabedoria do caminhante, será o troféu do orgulho do caminho percorrido, será a
alavanca para continuar caminhando.
A jornada me trouxe a força da
família que caminha junto, são três filhos, três netos que reforçam meu time,
desde a equipe inicial plantada lá no início da jornada, no nascimento (meus
pais), e que juntos viemos caminhando lado a lado, com tropeços em grupo e
acertos também. Muitos daqueles que comigo estavam no inicio da jornada ao
longo do caminho encontram seus destinos e me deixaram, mas outros vieram e vem
a todo instante, não há como ficar só nessa jornada, aliás graças a Deus que
isso não acontece, porque sinto o amor permanentemente me acompanhando em cada
passo.
Ser velho, novo ou apenas, Ser?
A simplicidade do percorrer o caminho
com sabedoria e persistência, não desistir, é verdade que em ou outro momento tenhamos
que voltar alguns passos para rever as placas indicativas dessa jornada e se
for o caso pegar a outra trilha e seguir em frente.
É certo que hoje aos 60 anos aprendi muito, porém, ainda falta mais
caminhos a percorrer, eu quero e preciso aprender mais, agora é mais fácil
porque a vida já me modelou melhor e já sou mais consciente daquilo que quero,
que posso e que devo.

A jornada me trouxe até aqui e vai me levar em frente, mas só
conseguirei continuar com minha família e meus amigos, aos quais agradeço cada
braço dado, cada passo compartilhado, cada memória construída, cada curva
ultrapassada. Aos 60 anos aprendi que o AMOR é o combustível do corpo nessa
jornada e sem ele de nada teria adiantado percorrer espaço vazio. Agradeço a
Deus pelas construções ao longo do caminho e a possibilidade de continuar
construindo, passo a passo.
Obrigado Deus por estar e continuar na jornada da VIDA, que outros 60
anos venham.
Vitor Marques
Executivo de RH, Conselheiro de Carreira e Palestrante
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