Caros leitores, longe de ser um especialista na análise dos fatores que determinam ou que contribuem para o preconceito em nossa sociedade me permito, do ponto de vista de um leigo falar sobre o tema. Todos os dias e em todas as raças, credos e minorias ocorrem situações de pequena ou gigante dimensão que acaba afetando o indivíduo ou a comunidade a qual pertence, sabemos disso, mas não nos damos conta de que podemos dar a nossa contribuição individual para que isso não ocorra, sabe como? Eis a minha proposta nesse artigo.
A primeira atitude que “TODOS”, e
quando digo todos são todas as raças, etnias, minorias, deficientes etc. -
todos os que de alguma forma são discriminados ou que discriminam, sem
distinção, é a de reconhecer que o problema existe e
precisa ser enfrentado, pois a negação e naturalização do racismo são fatores
que contribuem para a sua perpetuação. Dito isso, a luta contra a desigualdade
racial não deve ser uma pauta exclusiva de um grupo formado por aqueles
diretamente afetados, mas um compromisso de todo e qualquer cidadão. Trazer
esse debate para dentro da família e da sociedade pode ser o pontapé para a
implantação de uma cultura ante preconceituosa.
O segundo momento da consciência
individual sobre o problema é perceber nossos pequenos preconceitos, aqueles do
tipo:
Ø Quando
vimos a frente um mendigo a pedir algo na rua e desviamos nosso caminho,
fechamos o vidro de nosso carro, nem olhamos diretamente a pessoa... você sabe
o que falo;
Ø Aquele que
quando vimos uma pessoa com roupas que não gostamos ou que estão surradas pelo
tempo e que imediatamente atribuímos uma definição preconceituosa à pessoa e a
evitamos;
Ø Aquele
julgamento que fazemos da casa, do carro, das roupas das pessoas e ainda por
cima fazemos anúncios de nosso julgamento a outros, ou pior, ficamos julgando
essa cena compartilhando essas observações a outras pessoas de nosso convívio;
Ø Aqueles
julgamentos do dia a dia: Fulano é isso ou aquilo; Fulano deveria isso ou
aquilo – enfim os pré-julgamentos do dia a dia a que também chamo do
preconceito diário
Num segundo momento é preciso saber
que preconceito não é só a discriminação de raça, sexo, religião etc.
Preconceito são os pequenos julgamentos de nosso dia a dia, as pequenas
atitudes, que muitas vezes sem percebermos criamos um “monstro do preconceito”
dentro de nós e que em situações mais evidentes, por exemplo quando falamos de
raça ou preferência sexual, desabrocham como um rugido monstruoso e que fazem
com que o pior de nós aflore permitindo atitudes repugnantes e preconceituosas
de maior intensidade
Os pequenos preconceitos do dia a dia
criam em nós sementes ruins, atitudes automáticas de repugnância e pior, são
exemplos que nossos filhos e amigos acabam observando e infelizmente até
copiando.
É importante saber que preconceitos e
discriminações são produzidos individual, social e historicamente e que eles passam
pelos diferentes âmbitos da vida individual e coletiva, entendido isso você pode até achar
que não é preconceituoso, independentemente de sua raça, religião, preferência
sexual, etnia, et., porém existe até explicação cientifica para que isso
ocorra, um fenômeno do cérebro chamado viés inconsciente que faz as pessoas
disseminarem o preconceito sem perceber. A boa notícia? Isso tem cura. Como?
1.
Procure informações - É preciso entender a realidade e a história dos
seus pequenos preconceitos para atuar nos “maiores”. Olhar para quem está ao
seu lado, pesquisar a história de culturas e povos, conversar – se informar. O
conhecimento é a luz da vida.
2.
Não seja indiferente ao preconceito. Ajude as vítimas do preconceito,
vale dar um abraço de acolhimento, vale se solidarizar ou apenas ficar próximo
para que ela saiba que não está sozinha;
3.
Reconheça seus privilégios. Você sabe quais são os seus privilégios em
relação às outras pessoas? Para reconhecê-los, veja as dificuldades que cada
uma passa, seja ela: econômica, social, raça, religião, sexualidade etc.
4.
Crie laços de solidariedade ante preconceituosa. Pesquise entidades e
conteúdo que o ajude a entender, superar e tornar-se defensor da cultura
antirracista;
5.
Incentive as pessoas a serem ante preconceituosas. Vale dar um toque
para familiares, amigos e até desconhecidos. O importante é que a troca da
informação nunca pare.
Enfim, a cura vem de dentro, vem de sua atitude
transformadora. Vem de observar seus pequenos preconceitos e os combater de
forma consciente e reveladora. Vem de dar exemplos individuais, familiares e
comunitários. Vem do coração e não da razão.
Não ser preconceituoso e viver sem cercas, é viver
livre, é entender que TODOS somos filhos da Terra, filhos da criação divina,
todos temos direitos e deveres. Não há recompensa sem trabalho, não há vida sem
luta. Não h[a você sem o outro, Temos que aprender a respeitar as diferenças
pois se você vê diferenças nos outros é sinal que você também é diferente. Não
julgue para não ser julgado.
Viver num mundo livre passa por você, não culpe aos
outros porque se o fizer isso já será um preconceito seu. Viva para viver e não
para sobreviver.
Vitor Marques
Executivo de RH, Escritor e Palestrante
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