Caros leitores, muita coisa tem mudado em cada tempo, em cada época e sabemos que muito vai se mudar, o mundo já não é e não será o mesmo.
Vejamos, o que me chama a atenção atualmente e já há algum tempo é o uso contumaz de duas expressões, quer seja pela quantidade de vezes utilizada, seja verbalmente ou ortografia, quer seja pelos principais meios de comunicação, quer seja pelas pessoas comuns em suas conversas cotidianas. As expressões ‘com certeza’ e ‘até porque’. Não é preciso muito trabalho para percebermos como elas são usadas e como fazem parte do âmago humano atualmente.
Mas quero me concentrar na palavra complexa “certeza”. A afirmativa
dessa palavra tenta impor uma verdade absoluta, inquestionável, talvez usá-la
tão frequentemente seja a tentativa das pessoas em impor suas ideias e/ou
verdades sem deixar ao outro caminho de questionamento ou dúvida. Vã tentativa,
o Ser Humano nasceu para questionar a si e aos outros a todo momento, faz parte
do instinto de sobrevivência.
Em tempos de eleição, pesquisas eleitorais tentavam impor a
certeza de que um ou outros candidatos estava eleito de forma definitiva num
primeiro turno, davam certeza disso, mesmo com a tal margem de erro. Vã
filosofia, essas pesquisas erraram em quase sua totalidade de “certezas”. Oppenheimer
escreveu: "Temos hoje a dolorosa certeza, de que o poder de modificação,
nem sempre, conduz ao bem, necessariamente".
As certezas humanas ao longo da história sempre foram
alteradas, transformada. N~]ao se pode ter certeza do que ainda não ocorreu, a
certeza do futuro é efêmera, não existe, não é certeza é sim suposição de
verdade.
As pesquisas eleitorais tentam impor a cidadãos certezas impossíveis,
não existe a previsão de uma certeza que depende de tantas variáveis,
especialmente a ação direta de milhões de pessoas. Pessoas são voláteis, volúveis,
inconstantes, sujeitas a temperatura e passagem do tempo. São as famosas “caixinhas
de surpresa”, aliás essa palavra foi utilizada pelos institutos de pesquisa
após a eleição do primeiro turno para comentar seus erros, aliás surpresa rima
com certeza, só isso. Nada foi surpresa, o que ocorreu foi a simples
constatação de que escolhas humanas são voláteis e a palavra muitas vezes não
significa uma atitude correlata.
Eleitores falavam que iam votar nesse candidato, mas de fato
votaram em outro. O lapso temporal diante de uma urna eletrônica modificou as “certezas”
porque elas eram apenas conjecturas e não as ditas certezas.
São tantas as incertezas que têm cercado nosso dia-a-dia, que
não estranha que se use com tanta ênfase o ‘com certeza’. Isso nos dá uma certa
compensação, uma ilusão de que estamos mesmo no comando de nosso destino, por
mais que na verdade estejamos mesmo é sujeito a toda sorte de desventuras do
pensamento e da influência do ambiente em nossas vidas.
Alerta? As pesquisas eleitorais ou de tendencias desse tipo
são instrumentos de convencimento sem que “elas” sejam a verdade dos fatos. A opinião
é mutável e intransigente. Certo que o Ser Humano busca comparar suas opiniões
com algo de concreto, essas pesquisas tentam impor uma verdade coletiva que não
existe, ou que pelo menos não é um fato.
Apenas uma CERTEZA tenho, ela
é a CERTEZA de que NÃO TENHO CERTEZA, as minhas decisões são baseadas em
momentos de lucides pessoal e não imposta, não adianta mostrar suas certezas
pois elas podem e normalmente serão por mim questionadas e provavelmente
repudiadas.
A única certeza que é bem-vinda é a certeza da transparência, da ética, de viver em função de bons costumes e boas maneiras. Não acredito em verdades impostas, apenas acredito em verdades vividas intensamente.
Saibam que a ciência é um
armário de certezas que mudam todos os dias, as certezas de ontem não são necessariamente
as verdades de hoje e muito menos as verdades do futuro. Pense, repense e faça
a sua própria certeza, baseie-se nas suas verdades, na sua ética, nos seus
desejos de amor a família e ao próximo
Quão belo é a certeza do amor,
sabemos que ele existe sem o ver, sabemos o que ele faz sem o sentir, sabemos
que ele transforma sem perceber a transformação, sabemos que ele está dentro de
nós sem sentirmos seu peso, apenas temos certeza do amor.
Hoje, passado o primeiro turno
da eleição brasileira, tenho apenas uma certeza, que Deus nos dará a chance de
repensar e escolher o melhor dos caminhos aos brasileiros todos e não somente de
alguns, pobres encantados pelo poder vazio de suas certezas.
Até a próxima semana!
Vitor M S Marques
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