11/09/2020

DES-QUARENTENA - A FASE DO NOVO TEMPO



Nesse artigo vou tratar do período que se iniciou no país após esses meses de quarentena, de confinamento domiciliar pelo qual passamos. Vou comparar esse momento com o momento e m que um mergulhador faz um mergulho profundo, há mais de 40 metros de profundidade e para que retorne em segurança deverá passar pelo processo de descompressão, vejamos o que é isso então:

No mar quando um mergulhador desce a mais de 40 metros de profundidade não pode retornar a superfície naturalmente, terá que passar por uma técnica chamada “descompressão”, seja ela mecânica (Câmara Hiperbárica) ou subindo gradativamente a superfície, fazendo paradas em diferentes níveis de profundidade e por tempo determinado. Se não realizar um desses procedimentos, a descompressão rápida esse mergulhador que tem nitrogênio dissolvido no sangue e nos tecidos, devido a uma pressão elevada (A pressão de que falamos é o “peso da água” sobre seu corpo) forma bolhas quando a pressão diminui, se ele subir à superfície rápido demais, esse nitrogênio muda de forma súbita novamente para o gasoso, formando bolhas, o que pode causar embolias e a morte.

Assim, com esse procedimento dos mergulhadores de alta profundidade em mente, imaginemos as pessoas que ficaram seis meses em confinamento, convivendo consigo mesmo, com alguns familiares, com o fantasma de uma doença contaminante e com desejos reprimidos de liberdade que nesses dias estava impedida de exercitar.

As dúvidas da própria sobrevivência e daqueles que se ama, as dúvidas de como economicamente seria cada momento, a constatação da incapacidade que mesmo com dinheiro em conta não se conseguia ter a garantia de que os recursos mínimos seriam sustentados, a incapacidade de saber que não se conseguiria proteger aos outros e talvez nem a nós mesmos – tantas incertezas, tantos medos a administrar.

Agora a situação se inverte, as autoridades sanitárias dizem que tudo está passando, mas foram tantas incertezas de que a maioria não sabe se isso é verdade, se podemos realmente nos libertar das amarras da quarentena, da prisão de nossa consciência.

Tantos falam em um mundo novo que se criou a partir de agora, tantos apregoam que tudo irá mudar – mas continuo vendo o mesmo por onde consigo caminhar, vejo que a descrença, a falta de educação, o desrespeito ao outro, a falta de carinho e tantas coisas mais continuam a se perpetuar mesmo de pois da quarentena, esperava eu que essa quarentena realmente mudasse as pessoas mas ao que parece só fez com que elas cultivassem seus egocentrismos, seus preconceitos, o pensar somente em si mesmo, o deixa que lá fora as pessoas “se explodam” desde que eu aqui esteja bem.

Imaginava eu cantar com força as palavras de Vanusa na música “Manhãs de Setembro”, cantado o refrão com força de libertação:

·         “...Eu quero sair; Eu quero falar; Eu quero ensinar o vizinho a cantar; Eu quero sair; Eu quero falar; Eu quero ensinar o vizinho a cantar; Nas manhãs de Setembro...”

Mas o que continuo a perceber é que a outra parte da letra dessa música continua a expressar os fatos mesmo após a quarentena, de que a sociedade imbecil em que vivemos continua agir como é expresso no resto das palavras da letra. Que nós não aprendemos a fazer a DES-Quarentena, que podemos nos afogar em nós mesmos enquanto nos comportarmos como a música descreve:

·         Fui eu que se fechou no muro e se guardou lá fora; Fui eu que num esforço se guardou na indiferença; Fui eu que em numa tarde se fez tarde de tristeza; Fui eu que consegui ficar e ir embora; E fui esquecida (a fé, a liberdade, a igualdade, a esperança, a esperança, a ética); Fui eu;

Apesar da música ter sido escrita a tanto tempo retrata as dificuldades da quarentena, o grito de liberdade que queremos e precisamos obter, remete a realidade pela qual passamos e estaremos passando, me traz a certeza de que vários sentimentos da quarentena permanecem nessa DES-Quarentena e infelizmente não tem prazo para terminar nos levando ao limbo das incertezas, a dúvida de que não basta pararmos e pensar, talvez como muitas crenças falam seja necessário “passar a régua” e começar tudo de novo.

Mas nem tudo está perdido, creio com força de que muitos e muitos aprenderam suas lições na quarentena, que muito retomam os valores simples da vida, que muito serão mais felizes, voce que lê esse artigo é um deles – tenho certeza.

Que sejamos fortes, livres e que mantenhamos nosso foco no outro, na ajuda ao próximo, na fé de que somente viver simples traz a felicidade de receber um abraço, um desejo de bom dia e a esperança da liberdade plena.

Até mais e que você tenha uma excelente DES-QUARENTENA

Vitor Marques - Executivo de Recursos Humanos e palestrante

setembro/2020


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